"Bahia de Todos Los Santos"

Warhafftige Abbildung von Einnehmung der statt. S. Salvator in der Baya de Todos los Santos. Autor: Emmanuel van Meteren Impressão: Amsterdam, Holanda, [1634]  Custódia: Biblioteca Nacional (Brasil)


Penetrando 80 km adentro no continente, a Baía de Todos os Santos possui um contorno litorâneo de cerca de 300 km, sendo na realidade um pequeno golfo composto por três baías.

A borda leste da baía é marcada por uma retilínea e íngreme escarpa tectônica, exemplo de um antigo bordo de fossa tectônica costeira.

No dia 1 de novembro de 1501 – dia de Todos os Santos na tradição católica – foi descoberta por uma expedição portuguesa comandada por Gaspar de Lemos e acompanhada por Américo Vespúcio (este, cartógrafo e escritor italiano, que daria nome a todo o continente americano).

Estes, estavam a mapear as novas terras, descobertas um ano antes por Pedro Álvares Cabral. 

Por costume, nomeava-se todos os acidentes geográficos de acordo com os santos dos dias onde os mesmos eram identificados - cabendo a esta baía, “Bahia de Todos Los Santos”.
A segunda maior baia do mundo, encantou indígenas, navegadores, piratas e colonizadores, bem como despertou o interesse do governo português por ser um excelente ancoradouro natural, um estratégico sítio defensivo, com águas piscosas e terras com boa fertilidade.

O primeiro grande ator neste processo foi Diogo Álvares, de alcunha o “Caramuru” ao naufragar naquela costa entre 1509 a 1510. Fixou-se e casou com a filha de um chefe local. 


O Brasil só começou verdadeiramente a despertar a atenção de Lisboa após a subida ao trono de D. João III, em 1521. Este rei interessou-se pela exploração do território, apesar de a coroa à época, não dispor de recursos suficientes para promover e financiar a colonização de uma linha de costa tão extensa quanto a do Brasil. 

Ali, o rei decidiu aplicar o modelo já utilizado na Madeira, Açores e restantes arquipélagos atlânticos, entregando e colonização a privados.

A linha de costa brasileira foi dividida em parcelas e cada uma delas foi cedida ou vendida a um capitão-donatário, que deveria tratar da sua exploração e colonização. 

Acontece, porém, que esta experiência obteve resultados muito desiguais e, como consequência, boa parte das capitanias fracassaram.

O aumento da pirataria e do corso francês na região e o crescente risco do surgimento de colônias francesas na costa – o que veio de facto a ocorrer pouco depois – levou o rei a criar, em 1548, o cargo de governador-geral, dotado de amplos poderes e com a missão de coordenar o esforço de colonização, garantir a defesa da costa, promover o comércio e facilitar o trabalho de evangelização das populações locais.

A relevância estratégica do local, associada à existência de colinas e acidentes geográficos a leste (relevo que permitiria o costume medieval de fortificação das cidades), foram decisivas para que Tomé de Sousa mais tarde escolhesse a região para fundar, por ordens do rei de Portugal, a cidade que seria a sede da primeira capital da colônia portuguesa – SALVADOR.

Assim foi fundada a 29 de março de 1549, São Salvador da Baía de Todos os Santos, a primeira capital do Brasil e sede do novo governo-geral. 

De acordo com as ordens de D. João III, Tomé de Sousa vinha empossado do governo de todo o Brasil e deveria construir ali a sua residência, devido à posição geográfica central daquele território. Esta região já contava, porém, com uma presença portuguesa anterior, que facilitou os contatos e permitiu uma boa recepção por parte das populações ameríndias.

A baía de Todos-os-Santos abrigou durante o período colonial um dos maiores portos exportadores do Hemisfério Sul, de onde eram enviados às metrópoles europeias parte do açúcar brasileiro e até prata boliviana, sendo o porto de Salvador um dos que mais receberam escravos africanos no Novo Mundo.

A cidade prosperou rapidamente ao longo das décadas seguintes, afirmando-se como a capital do Brasil e uma das cidades mais importantes do Novo Mundo. Salvador era o principal centro de missionação católica, tendo sido elevada a sede de bispado logo em 1552.

Tornou-se igualmente o principal centro da indústria do açúcar e do comércio de escravos. A sua prosperidade tornou-a alvo das ambições dos rivais holandeses, que a atacaram e ocuparam, durante cerca de um ano, em 1624.

Excetuando um breve período entre 1572 e 1581, Salvador foi a capital do Brasil durante mais de dois séculos até o marquês de Pombal ordenar, em 1763, que esta passasse para o Rio de Janeiro. 

Hoje, com uma população de cerca de 3 milhões de habitantes, é a cidade mais importante do nordeste do Brasil e é considerada a capital da cultura afro-brasileira.




Letras para a Posteridade coletadas por
ANTÓNIO CUNHA

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